segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vandalismo Autor : Augusto dos Anjos





Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!







Este ano completa 100 anos a obra incomparável de Augusto dos Anjos intitulada: Eu, que traz a marca do poeta demonstrando sua visão de mundo extremamente pessimista, e trazendo para a poesia o emprego de termos científicos comuns a biologia e fisiologia, enfocando sempre a morte, a decomposição de cadáveres.No soneto de cima (Vandalismo) encontramos uma metáfora entre os sentimentos do eu poético, entre os desejos humanos e carnais, e os sentimentos sublimes e espirituais.Esta batalha se passa no coração do poeta, que almeja essas emoções puras e angelicais, mas que vencida pelo desejo humano e sua autoridade dominadora, representada pela figura do cavaleiro Templário, destrói os seus sonhos.Boa reflexão com a poesia de Augusto dos Anjos.


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