sexta-feira, 6 de abril de 2012

Poema de Páscoa:A Jesus Cristo,Nosso Senhor Autor: Gregório de Matos




Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.


Se basta a vos irar tanto um pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.


Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:


Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-me; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.



Gregório de Matos Guerra É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta satírico da literatura em língua portuguesa.A alcunha boca do inferno foi dada a Gregório por sua ousadia em criticar a Igreja Católica, muitas vezes ofendendo padres e freiras. Como no soneto acima, vemos a crítica a doutrina cristã da Glória de Deus esta sujeita a salvação dos pecadores, pois Deus só poderia ser Glorioso se salvasse o eu poético pecador, vendendo a idéia que quanto mais se pecasse, maior seria o triunfo do Senhor com seu resgate, e consequentemente este (eu poético pecador) é que seria o responsável por Toda a Glória de Deus.

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